A prática do desenho “en plein air” é muito anterior aquela
da pintura, remonta ao séc. XVI. Reynolds e Valenciennes indicavam a
necessidade de domar a paisagem “d’après nature”, para “ter maior facilidade
para conceber a Perspectiva”. Não apenas desenhos, mas também águas-fortes “gravées
sur nature”, cujo álbum de Eugène Bléry se regozija da façanha.“D’après nature” e “sur nature”. Expressões com
significações flutuantes, mesmo incertas. Designam o croqui de estudo, o
desenho de memória, anotações de viagem etc. Progressivamente o termo “sur
nature” se compõe como uma “obra em si”, “acabada”, com sua própria
justificação.
François Boucher. Le peintre dans son atelier. 1730-1735 c |
No século XIX foram célebres os livros de esboços,
cadernetas de bolso etc. Fabricados de maneira artesanal, de formas diversas,
uns privilegiando a apreensão da paisagem pelo formato, outros intimistas ou mínimos
em um formato rápido para anotações a qualquer momento. O autorretrato de
Théodore Chassériau, 1835 atesta esse uso. O artista encara o observador, não
com a segurança e febrilidade do jovem Turner, mas acuado. Elegante, mas
assombrado por este mundo, sua casaca preta o protege, o envelopa. Sua mão
direita repousa em uma pequena mesa revestida com tecido vermelho. É visível
seu caderno. Mais ou menos do tamanho de sua mão. Pronto para sair, leva consigo
seu receptáculo de notas.
Théodore Chassériau. Autoportrait. 1835 |
Na exposição Dessiner en
Plein Air, alguns dos cadernos de Chassériau estavam em exibição. Um pequeno
como este de seu autorretrato estava aberto! Um croqui, costas de uma mulher,
coque no cabelo. Abaixo anotações velozes e linhas abstratizantes de árvores,
feitas “d’après nature”.
Théodore Chassériau. 1850-56c |
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