Manet, boçal por amor

Nos anos de 1850, Édouard Manet envolve-se sentimentalmente com uma holandesa, Susanne Leenhof, que posou para seu A ninfa surpresa, do Museu de Buenos Aires, em 1859.

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Suzanne Leenhoff era dois anos mais velha do que o pintor, e amante de seu pai, Auguste Manet. Suzanne teve um filho, em 1852, Léon Leenhoff, cuja paternidade não foi reconhecida, e os biógrafos até hoje discutem de quem ele seria filho, de Édouard ou de Auguste. Seja como for, os dois se estimavam muito, e Manet pintou Léon várias vezes. No quadro A leitura, de 1865 (Museu d'Orsay) , Léon aparece lendo para sua mãe enquanto ela posa.



Manet tinha grande afeição por Suzanne, que desposou em 1863. Tranquila, maternal, ela dava a Manet paz e segurança. Era também notável pianista. Manet a figurou, próxima dos 40 anos, ao teclado (1867/9, Museu d'Orsay)



Eis que, por voltas de 1869, Edgard Degas vai jantar na casa do casal Manet. Depois do café, Mme. Manet se põe ao piano, e Manet devaneia ao som de sua música. Encantado com a cena, Degas faz um quadro a partir dela, e presenteia o casal com a tela. Em agradecimento, Manet oferece ao amigo  uma pequena natureza morta com ameixas.

Depois disso, Degas é novamente convidado na casa dos Manet. Ali, fica furioso ao descobrir que Manet havia cortado a tela no sentido da altura! Seu amigo não gostara do modo como Degas havia pintado o rosto de sua esposa: o corte fora feito exatamente para eliminar o perfil de Suzanne. Hoje o quadro está no museu de Kitakyūshū, no Japão.


 



Degas pega seu quadro e leva embora, sem se despedir dos anfitriões. No dia seguinte, Manet recebe sua natureza-morta de volta, com um bilhete: "Senhor, eu lhe devolvo suas ameixas."

Mais tarde, Manet e Degas se reconciliam: "Um remendo", comentou a respeito Berthe Morisot. E Degas pede de volta seu quadro das ameixas. Resposta de Manet: "Já vendi".



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