Na quinta passada fui ao cinema assistir a estréia de Han
Solo: Uma História Star Wars, numa sessão tranqüila, quase meia bomba – muito
distante da histeria dos fãs nas filas de estréia dos anteriores. O filme foi
incrível. Ron Howard é experiente e cria uma aventura fluida, ágil, que
equilibra momentos dramáticos e de humor. Está muito bem ancorada no roteiro
eficiente de Lawrence Kasdan (que já havia escrito O Império Contra-Ataca, O
Retorno de Jedi e O Despertar da Força, além de ser ele também um grande
diretor). A história de origem de um personagem tão querido, imortalizado por
Harrison Ford, é contada como uma aventura sem pretensões gigantescas ou
desdobramentos fatídicos para a saga. A única pretensão é divertir. Tem sabor
das antigas matinês, de cinema série B, o que lembra o primeiro filme de 1977.
Alden Ehrenreich como Han Solo funciona muito bem, mesmo sem
tanta semelhança com Ford. Emilia Clarke faz faz o par romântico, e a torcida
pra que o casal dê certo é instantânea. Donald Glover ta ótimo como o
trapaceiro Lando, e eleva o filme sempre que aparece. Woody Harrelson faz o
melhor personagem, fundamental para o aprendizado de vida do Solo. E o Chewbacca
tem momentos em que fica difícil segurar as lágrimas. Há ainda uma porção de
pequenos detalhes feito para deliciar os fãs de Star Wars, alienígenas exóticos
e criativos e ação constante – onde sentimos o perigo como real, embora se
saiba que os personagens vão sobreviver.
É então que me pergunto: o público ta muito chato, ou eu que
sou muito estúpido e gosto de qualquer coisa?
E sim, é uma pergunta muito séria. O público tem ficado cada
vez mais crítico e exigente com os filmes – sobretudo os fãs de sci-fi e
quadrinhos – a ponto de influenciar os produtores, ditando os rumos da
indústria. A internet e as grandes convenções de cultura pop propiciam isso.
Teria esse nível de exigência chegado a um ponto onde o fã não consegue
desfrutar de um filme pipoca sem se sentir a própria Pauline Kael?
Vou tentar um paralelo bem mal ajambrado aqui: estava vendo
a série do Netflix, Brinquedos Que Marcam Época, o ep sobre Jornada nas
Estrelas. Vários cinquentões mostrando seus bonecos e brinquedos antigos,
sublinhando o quão toscos e de má qualidade eles eram – sobretudo quando
comparados com às peças milimetricamente perfeitas que foram produzidas nos
últimos anos.
Um dos antigos bonecos, bem bonitinhos na real. |
Uma versão mais recente, impressona pela precisão dos detalhes. |
Mas há sempre carinho ao falar dos bonecos antigos, pois eram com eles que se brincavam. Eram com os toscos “hominhos” que a imaginação
corria solta. Hoje, com as action figures articuladas em edição limitada, é um
crime até abrir a caixa. Saem da loja e vão direto pra prateleira do
colecionador. Ganha-se em fidelidade e qualidade. Perde-se em diversão.
Nem todo filme deve ser uma obra prima. Cinema, além de arte, sempre foi a maior diversão. Pena que seja cada vez menos. Ir ao cinema as vezes exige que se rasgue a embalagem e jogue os bonecos na lama. É preciso reaprender a brincar.
Nem todo filme deve ser uma obra prima. Cinema, além de arte, sempre foi a maior diversão. Pena que seja cada vez menos. Ir ao cinema as vezes exige que se rasgue a embalagem e jogue os bonecos na lama. É preciso reaprender a brincar.
Concordo com você. Eu tenho adorado essas historias paralelas com universo de Star Wars, achei tanto Rougue One como Han Solo bons filmes com roteiros bem acabados e cativantes, tenho gostado mais do que a sequencia principal da história.
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