O fantasma do parque



Talvez nenhuma outra banda de Rock tenha encarnado tão bem o papel mítico como o KISS, nos anos 70. A lógica era simples: pintar o rosto e nunca ser visto em público sem a maquiagem. Personagens foram criados (vide o comic da Marvel, impresso com sangue misturado na tinta vermelha) e um fervor em torno da identidade dos integrantes tirava o sono dos fãs e dos editores. 


O sistema corrói rápido. Em 79, isso parece não mais fazer sentido, apesar do estrondoso sucesso. A entrevista para Tom Snyder no programa The Tomorrow Show mostra uma banda que não se leva a sério.


Notório foi o filme realizado em 1978, KISS Meets the Phantom of the Park. Dirigido pelo importante cineasta do horror Gordon Hessler. Um filme de super-herói, de duplas identidades. O filme sempre me pareceu ao mesmo tempo caricato e biográfico. Na história são seres extraterrestres com poderes especiais, nutridos por talismãs que correspondem às maquiagens, mas ainda integrantes de uma banda de rock.  Precisam enfrentar cópias perfeitas de si mesmos, androides.



Enfrentar a si mesmo ou no limite ser enganado pelo olhar que na superfície é incapaz de reconhecer o outro, o estranho.

Grande tema na cultura e pode ser visto também de maneira política, alegórica etc. Como nas três vezes em que Invasion of the Body Snatchers foi filmado: 1956, por Don Siegel; 1978, por Philip Kaufman; 1993, por Abel Ferrara ou em sua variação de 2007, The Invasion, por Oliver Hirschbiegel. Eles estão entre nós, estão infiltrados. Tomam a nossa aparência e dominam o nosso território: os comunistas, os russos, o governo americano. Pode ser qualquer um, sua mulher, seu vizinho: impossível reconhecê-los, como no seriado The Americans.



 Em um diálogo, no filme de 78:
Dr. Kibner: Elizabeth, could you please tell me, in your opinion, what is going on?
Elizabeth: People are being duplicated. And once it happens to you, you're part of this!

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