Google homenageia Georges Méliès



Hoje, dia 3 de maio, o Google homenageia o grande pioneiro do cinema Georges Méliès (1861-1938), com o primeiro doddle em realidade virtual realizado pela empresa, junto com a Cinemateca Francesa.


A escolha da data se deu como homenagem ao lançamento de seu penúltimo filme, o curta de 30 minutos A Conquista do Pólo (À la conquête du pôle), lançado em 1912, feito por encomenda para a Pathé. O filme foi um fracasso de bilheteria, mais porque o interesse do público se voltava mais a um realismo poético de Louis Feuillade ou aos épicos históricos de D. W. Griffith do que propriamente pelas qualidades evidentes do filme. Para mais informações sobre sua vida, veja a página do google arts e culture





Mas voltando ao Doddle. Se você não viu ainda, não perca tempo, é adorável. As cortinas se abrem, revelando Méliès carregando uma câmera, em meio a um palco cheio de objetos: um livro e relógios gigantes, uma lua, um carrossel, foguete e estrelas. Tudo em preto e branco. Ao rodar a manivela do cinematógrafo, tem-se início uma nova apresentação, dessa vez em cores. Méliès então passeia pelo cenário e encontra a heroína (uma versão de sua atriz-musa-esposa Jehanne D´Alcy) e é preciso que a gente o acompanhe com o mouse, já que o vídeo é feito em 360 graus. É uma interação maravilhosa, e quem já assistiu filmes em realidade virtual (Mostra de SP apresentou alguns no último ano) sabe que o velho diretor francês ficaria muito empolgado com essa inovadora ferramenta.

A animação do Google vai então fazendo algumas referências à cinematografia de Méliès. Aponto algumas a seguir:



Méliès filmava-se várias vezes na mesma película de filme, multiplicando a si mesmo. Em L´Homme-Orchestre, de de 1900, dá pra conferir o efeito:




Há também o truque largamente usado de parar a filmagem e trocar o personagem, ou uma carta gigante. É o que vamos em Les Cartes Vivantes, de 1905:




Em Méliès há sempre a exploração de mundos misteriosos e desconhecidos. Aqui, temos uma referência direta ao maravilhoso La sirène, de 1904.




Saindo do fundo do mar, vamos até o espaço, com o sol, a lua, planetas,estrelas e cometas. Esse conjunto está no filme de 1907, L´Éclipse du soleil en pleine lune.




Lançando mão de panos pretos que cobriam sua cabeça, as decaptações eram recorrentes, como podemos ver Un homme de têtes, de 1898:



Há também um truque de perspectiva conseguida pela movimentação do ator com um carrinho sobre trilhos que o aproximava da câmera, fazendo com que ela aumentasse. Vemos isso em L´Homme à la tête en caoutchouc, de 1901.




Há também nesse momento da luta entre um o herói com seu duplo diabólico, assim como outras figuras malignas. Há inúmeros curtas com o capiroto, assim como toda sorte de monstros, fantasmas e esqueletos. Destaco aqui Le cake-walk ingernal, de 1903, e Le diable géant, de 1901:





E por fim, o herói viaja com a mocinha até à lua, onde se beijam. Temos então seu filme mais célebre, Le voyage dans la lune, de 1902.


Há provavelmente mais referências escondidas nesta pequena homenagem de dois minutos. Deixo pra que vocês os explorem (é o que farei, revendo mais e mais vezes). Uma tragédia que o reconhecimento chegue sempre tarde demais. Após seu último filme em 1913, Méliès não consegue dirigir mais nada, e passa a vender doces e brinquedos na estação de Montparnasse, em Paris. Em 1932 ele e a esposa foram admitidos num asilo de idosos em Orly, onde viveu até sua morte, em 1938.


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