Quem tem a bunda mais bonita?



O atual isolamento fez com que os museus mais populares tentassem diminuir a distância entre visitantes e seus acervos. Uma dessas tentativas foi a criação de pequenas competições entre as instituições culturais. É no Twitter a mais recente. Criou-se a competição para ver qual museu possui em seu acervo a bunda mais bonita. Segundo Helen Sullivan, a colunista do The Guardian a brincadeira iniciou em abril/2020. Basta o leitor fazer uma busca no Twitter com as hashtags: #CuratorBattle e #BestMuseumBum que poderá se deliciar com bumbuns de diversos museus.




O Yorkshire Museum até fez uma enquete com seus seguidores: preferem ver postagens de retratos perfeitos ou bumbuns perfeitos, feito pêssego? Adivinha quem ganhou?


Desafio feito, se iniciaram os trabalhos.



 

A resposta ao desafio do museu britânico foi representada por uma escultura romana em mármore. Como é muito comum nestas peças os sinais do tempo são visíveis, frequentemente existem partes ausentes ou deterioradas. Aproveitando esta característica, o Yorkshire Museum entra na brincadeira e pergunta se alguém teria dado uma mordida no bumbum apetitoso do atleta.




Para representar seu melhor bumbum, a Wallace Collection, museu também britânico, elegeu a escultura de Francesco Pomarano (século XVI). De fato, a madeira se distância do gélido mármore e dá um toque mais caloroso aos volumes de uma traseira perfeitamente delineada.





O York Castle Museum apresenta um cartão de dia dos namorados. Flagramos o modelo que acabou de sair do banho. Além de seu tronco, vemos uma parte do bumbum bronzeado com as marcas mais claras deixadas pelo formato da roupa de banho. O corpo musculoso é preenchido por um tom dourado e luminoso, até lembra a escultura Francesco Pomarano. O museu indica que o cartão nunca foi enviado e brinca que teria feito o mesmo.  






A brincadeira permitiu que os museus criassem narrativas a partir das composições apresentadas. A exemplo do grupo de museus, o Scarborough Museums Trust, que escolheu a tela de William Etty, Man Lying Face down (c.1820). Imaginaram uma legenda que justificaria o desolamento do modelo: ele teria se dado conta de ter tomado o último sorvete disponível e seu congelador estaria inacessível pela falta de degelo.



O museu de Tóquio, o Ōta Memorial Museum of Art, deu sua contribuição com uma cena espetacular de lutadores de sumô feita pelo famoso Katsushika Hokusai.




Até museus que não tinham obras, digamos legítimas, para competir arriscaram suas chances. Foi o caso do National Leather Collection que apresentou uma sunga de 3500 anos atrás. Não era exatamente uma bunda, mas não escapava do tema como explicavam as imagens nas pinturas de tumbas que exibiam egípcios usando a peça. 





Já a biblioteca e arquivos do Museu de História Natural de Londres foi ousada e apresentou a traseira de uma zebra! No entanto, é inegável que o fotógrafo escolheu um enquadramento sinuoso.





Vale também o famoso cofrinho. Uma das instituições de ciências mais respeitadas da Europa, The Linnean Society of London, não resistiu e participou com uma gravura do livro mais antigo do acervo da instituição, o Ortus Sanitatis, de 1491. Nas inúmeras descrições de animais e os usos medicinais das plantas que a publicação traz, há o detalhe dessa ilustração. Um homem agachado, com a parte superior de seu corpo dentro de um barril, acaba exibindo parte de seu traseiro. A calça cede ao movimento e não cobre o que deveria.


 




Museus menos populares também participaram. O museu croata, The Museum of Apoxyomenos, elencou a escultura que dá nome à instituição. A escultura que foi descoberta recentemente (1999) e tem quase 2 metros de altura. Seu traseiro curvilíneo pode ser visto no detalhe da postagem. A vista das nádegas do atleta é um detalhe que nem se encontra no site oficial do próprio museu.




Não escaparam os bumbuns dos ditadores. Este é do museu holandês da liberdade (Vrijheidsmuseum), aqui além do ditador nazista oferecer seu traseiro é possível dar uma espetada nele, no mínimo é terapêutico, diriam os psicanalistas.




















Imagine coroar uma bunda? Ah esse seria o vencedor da competição, não?


O museu espanhol de Cádiz apresentou um brasão muito interessante. O que se vê na parte mais baixa da composição são traços horizontais ondulados, representando o mar. Logo abaixo um rosto bochechudo, talvez remetendo a força dos ventos, imprescindível aos viajantes marítimos. Ao centro duas colunas de Hércules flanqueiam o objeto central coroado. O fato de a obra ter entrado nessa competição contamina o olhar e imediatamente vemos duas nádegas sendo coroadas. O brasão pertencia à fachada do Consulado das Índias em Cádiz, a chamada Casa de Contratação, que era responsável por administrar a exploração e colonização da América. Sendo assim, as duas formas circulares representam o velho e o novo continente e não um bumbum. Mas seria maravilhoso ter uma bunda coroada acompanhada pela inscrição “Plus ultra”.


Esse bumbum coroado  me lembra Carlos Drummond de Andrade, no seu livro O amor natural:

Não lhe importa o que vai pela frente do corpo. A bunda basta-se. Existe algo mais?


Infelizmente não encontrei nenhuma participação dos museus brasileiros, acho que teríamos bons candidatos para entrar na competição, não acham?


Comentários

  1. Postei o “nosso” Estudo de mulher, de Rodolfo Amoedo, imbatível!

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  2. estou de acordo que o nu do Amoedo é a mais formidável bunda brasileira! E houve uma predileção para bumbuns masculinos no post?

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