A escultura se faz em conflito com a matéria e com o peso. Conflito dialético, mas conflito ainda assim. Richard Serra aboliu esse confronto, rendendo-se à força da gravidade e fazendo dela aliada poética. Seu Block Charlie Chaplin (1978), no terraço da Neuen Nationalgalerie de Berlim é um cubo metálico e maciço. Mede 2 m de lado e pesa 77 toneladas. A forma perfeita do cubo é contradita pela imperfeição da ferrugem. E é um cubo desobediente: não está alinhado com os quadrados que formam o piso. Efeito minimalista essencial: impossível deslocar o cubo para corrigir o desvio. "A gravidade sempre foi um problema para a escultura. A maneira como esse problema é resolvido faz parte de toda definição da escultura", escreveu Serra.
Serra é singular e rejeita a história da escultura que procurou sempre vencer o peso. Calder é o oposto de Serra. Seu mobile do Masp (1944 - 1948) depende do ar, move-se ao menor sopro, e faz da fragilidade sua poesia.
Transparência, incorporação do ar, vazios mais importantes do que os cheios. O Amor e Psiquê, de Canova (1787-1793 - Louvre) é irmão da Unidade tripartida de Max Bill (1948-49, Mac-USP).
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