Podia ir dormir depois de ver Cassatt, Brancusi, Van Gogh e
tantos tesouros do Philadelphia Museum of Art. Podia, mas Lorenzo Lotto, Giovanni
Bellini, Lucas Cranach, Giorgione, Leonardo e comparsas ocupavam salas ao lado em
Dürer e il Rinascimento, tra Germania e
Italia. Era sábado, oito da noite e a exposição fechava às dez e meia. Quem
poderia resistir?
Retrato de
jovem veneziana (1505-7), de Albretch Dürer, pintado em Veneza e
pertencente ao Kunsthistoriches de Viena (foto: divulgação)
Nas duas horas e meia seguintes, a mostra inteira foi vista
por apenas cinco visitantes – contraste com a do Philadelphia Museum, que
estava apinhada. Os sortudos puderam apreciar com calma as joias escolhidas por
Bernard Aikema e Andrew John Martin, curadores, postas lado a lado para mostrar
o que se considera ser uma das mais profundas transformações na história da
arte e, quiçá, seu ápice jamais igualado.
Obras de Carpaccio,
Dürer, Lotto e outros, no Palazzo Reale di Milano (foto: Renato Corpaci,
divulgação)
Tal mudança, na narrativa da mostra, ocorreu entre 1480 e
1530, na região que compreende o norte da Itália – as cidades de Veneza, Pádua,
Verona, Bolonha e Milão, entre outras – com a Oberdeutschland,
isto é, o atual sul da Alemanha. Dürer é posto como o epicentro da mudança.
Nascido em Nuremberg, em 1471, viajou para Veneza em 1505 e talvez mesmo antes,
em 1494, hipótese aceita por muitos especialistas, mas refutada por Aikema.
Retrato do pai (1490)
pintado por Dürer aos dezenove anos, Galleria degli Uffizi, Florença
A vivacidade realista na cultura visual poucas vezes
resultou tão desenvolta. Dürer a sintetiza como nenhum outro de seus contemporâneos,
configurando também um entroncamento perfeito das pesquisas artísticas mais
complexas daquele momento.
Dürer e il Rinascimento, tra Germania e Italia (foto: divulgação)
A mostra integra desde minúsculos e milagrosos cavalos
esboçados por Leonardo e Dürer até gravuras monumentais como a assombrosa Travessia
do Mar Vermelho de Tiziano. O esforço de congregar peças raríssimas de
acervos europeus constitui, de fato, o tema de fundo da mostra, a exaltação dos
intercâmbios e cooperações no campo cultural da Europa, como comenta Beatrice
Obertini.
Jesus entre os
doutores (1506), de Albretch Dürer. Embaixo à esquerda, na folha que pende
de um livro, com a assinatura do artista e a data da obra, lê-se: “Opus quinque
dierum”. Obra feita em cinco dias
E não seria Dürer, além do mais, o inventor moderno das
naturezas mortas?
Pato morto (c.1502),
de Albretch Dürer, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa
Fontes:
http://milano.corriere.it/notizie/cronaca/18_febbraio_21/milano-albrecht-durer-rinascimento-tedesco-968f1050-1674-11e8-8b95-2b1380502f20.shtml
https://viaggisportvacanze.com/2018/02/23/durer-e-il-rinascimento/
http://www.artspecialday.com/9art/2018/02/24/durer-e-il-rinascimento-palazzo-reale/
http://milanoartexpo.com/2018/03/04/mostre-milano-durer-e-il-rinascimento-tra-germania-e-italia/
Comentários
Postar um comentário