Descobertas, divulgação, circulação internacional.

Estudo de nu de um velho, circa 1878–79, Georges Seurat.  The J. Paul Getty Museum,

É importante publicar resultados de pesquisa. É importante divulgá-los, nacional e internacionalmente. Neste último caso, a divulgação nem sempre está ao alcance dos historiadores da arte que trabalham no hemisfério sul.

Abro o artigo  A Mysterious Man of Nineteenth-Century Paris, publicado em the iris, revista online da Getty Foundation, e me animo com um desenho de Seurat, pertencente àquela instituição, para mim até agora desconhecido. Minha animação aumenta com outro estudo, presente no mesmo artido, de Émile-Jules Pichot, também da Getty, que figura evidentemente o mesmo modelo.

Estudo de velho, circa 1878–79, Émile-Jules Pichot. The J. Paul Getty Museum

Meu interesse veio do tema do artigo: a identidade desse modelo. Porque eu o havia imediatamente reconhecido. É o mesmo que posara para um quadro de Bonnat e e outro de Almeida Jr. Eu havia associado essas duas obras em 2002, num estudo para a Revista de Estudos Históricos, da Fundação Getulio Vargas, intitulado A violência e o caipira: 

"Há um estudo de Almeida Júnior muito próximo do Job, quadro de Léon Bonnat, no museu de Bayonne. Ambos tomam um velho magro, de longas barbas, como tema. Os modelos possuem grande semelhança entre si, e são tratados, nos dois casos, com claro-escuros contrastados, em bela tradição caravagesca. As duas obras são admiráveis. Almeida Júnior gostava tanto da sua que a inseriu numa outra tela, O modelo, de 1897, onde o estudo aparece dependurado no alto de uma parede".

Estudo de Velho, circa 1877–82, José Ferraz de Almeida Jr. Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Job, 1880, Leon Bonnat. Musée d’Orsay, Paris, France

Almeida Jr - O modelo - Óleo sobre tela - 1897 - Coleção particular, São Paulo

Mas encontro no estudo de Breanne Bradley a seguinte passagem:

"A Brazilian artist named José Ferraz de Almeida Júnior featured this model in the painting Study of a Male Nude, painted about 1877 to 1882, now at the Pinacoteca do Estado de São Paulo. Getty curator Emily Beeny came across Almeida Júnior’s painting on a recent visit to the museum.

A much larger painting by Léon Bonnat of the biblical figure Job clearly represents the same model and was completed in 1880. Could these depictions all derive from the use (and re-use) of the same favored life model, a common practice even today?"

Se devemos saudar a acurácia do olhar demonstrada por Breanne Bradsley, é um desconsolo ver como é limitado o alcance de nossas publicações, condenadas ao âmbito brasileiro. E, mesmo nesse âmbito, quantos são os leitores que atentam para questões assim?

O artigo sobre Almeida Jr. está neste link.

O artigo de Breanne Bradley, aqui.