Sobre a exposição Raio que o parta

 

Texto de Jorge Coli

Fotos de Martinho Jr.


Boa parte das atividades e escritos sobre a Semana de Arte Moderna nas comemorações deste centenário tem sido rasas e repetitivas. Não todas, está claro, mas poucas são críticas, significando contribuições de fato novas, .ampliando o horizonte de conhecimento.




Entre as exceções, quero mencionar aqui uma exposição que me parece se distinguir nessa paisagem pelo seu espectro revelador. Trata-se de Raio que o parta, no Sesc 24 de Maio, em São Paulo. A coordenadoria geral é de Raphael Fonseca à frente de uma notável equipe. Aqui vão os créditos:

Curadoria: Aldrin Figueiredo, Clarissa Diniz, Divino Sobral, Marcelo Campos, Paula Ramos e Raphael Fonseca
Curadoria-geral: Raphael Fonseca
Curadores-assistentes: Breno de Faria, Ludimilla Fonseca e Renato Menezes
Consultoria: Fernanda Pitta

Essa turma reuniu cerca de 600 obras de 200 artistas, num esforço muito raro neste país, em que, cada vez mais, as exposições têm se transformado no arbitrário em torno de um pretexto superficial. Trouxeram obras raras, pouquíssimo conhecidas, fizeram relações inesperadas e fecundas. Foi claramente o resultado de um enorme esforço muito bem planejado.

 Até agora, de tudo o que pude ver, é o projeto mais sério sobre a compreensão das modernidades artísticas no Brasil.


Theodoro Braga - Fascinação de Iara - 1929

Essa exposição, Raio que o parta, mostra uma modernidade brasileira que se estende por todo o Brasil, do Rio Grande do Sul à Amazônia, incluindo um Rio de Janeiro e um São Paulo que ficaram periféricos aos clássicos da Semana. 


Tomás Santa Rosa - Semtítulo - Sem data

É verdade que os textos explicativos que acompanham essa exposição são complicados e complexos demais, pelo menos para o meu nível. Mas isso não importa: a carga reveladora que ela apresenta é espantosa e é preciso que os organizadores publiquem um catálogo, on line ou não, porque ele se constituirá num formidável instrumento de trabalho.


Franklin Cascaes - Bichos do jogo

Guido Viaro - Autorretrato - 1934

João Fahrion - Autorretrato com cartola - 1942

Fernando Corona - Cabeça cubista de Borges de Medeiros - 1924

Lidia Baís - O micróbio da fuzarca



Dimitri Ismailovich - Sôdade do Cordão - 1940








Comentários

  1. Raphael Fonseca não fica nunca só na superfície. Ele faz curadoria com sensibilidade e pesquisa.

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